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Obesidade

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A obesidade é um transtorno no qual a reserva natural de energia, armazenada no tecido adiposo de seres humanos e de outros mamíferos, se desenvolve até ao ponto em que é associada com certas doenças ou uma elevação do índice de mortalidade. A obesidade é uma doença individual e também um grave problema de saúde pública. O peso corporal excessivo predispõe o corpo a padecer de várias doenças, especialmente doenças cardiovasculares, diabetes mellitus tipo 2, apneia do sono e osteoartrite. Ainda não há consenso científico sobre as técnicas de medição para estabelecer um peso máximo saudável.

A palavra "obeso" vem do latim obesus, que significa "forte, gordo ou cheio." O primeiro uso conhecido em Inglês foi em 1651, em um livro de medicina de Noah Biggs.

Efeitos da obesidade sobre a saúde


Obesidade
A obesidade, especialmente a obesidade central (predominantemente na cintura), é um importante fator de risco para a "síndrome metabólica" (também chamada de "Síndrome X"), que é o compêndio de várias doenças que predispõem fortemente a doença cardiovascular. Estas doenças são o diabetes mellitus de tipo 2, hipertensão, colesterol alto e níveis elevados de triglicerídeos (hiperlipidemia combinada). Um estado inflamatório, juntamente com o acima mencionado, tem sido associado com uma alta incidência de aterosclerose (depósitos de gordura nas paredes das artérias) e um estado pró-trombótico que pode agravar o risco cardiovascular.

Além da síndrome metabólica, a obesidade também tem sido associada (em estudos populacionais) com uma variedade de complicações. Alguns delas ainda não foram claramente estabelecidas até que ponto são causadas ​​pela obesidade em si mesma ou se há outras causas (como a falta de exercício físico), que por sua vez provoca a obesidade. Os efeitos diretos mais evidentes sobre a saúde parecem ser complicações mecânicas, tais como:
- Cardiovasculares: insuficiência cardíaca congestiva, aumento do coração (associado com arritmias e tontura), Cor pulmonale, varizes, e embolia pulmonar.
- Endócrinas: síndrome do ovário policístico, distúrbios menstruais e infertilidade.
- Gastrointestinais: refluxo gastroesofágico, doença do fígado gorduroso, colelitíase (cálculos biliares), hérnia e câncer colorretal.
- Renais e genito-urinárias: incontinência urinária, glomerulopatia, hipogonadismo (nos homens), câncer de mama (em mulheres), câncer uterino e morte pré-natal.
- Epiteliais (pele e anexos): estrias, acantose nigricans, linfedema, celulite, carbúnculos e intertrigo.
- Musculoesqueletais: hiperuricemia (que predispõe a gota), a imobilidade, osteoartrite e dor nas costas.
- Neurológicas: acidente vascular cerebral, parestesia, dor de cabeça, síndrome do túnel do carpo e demência.
- Respiratórias: dispneia, apneia obstrutiva do sono, síndrome de hipoventilação, síndrome de Pickwick e o asma.
- Psicológicas: depressão, baixa auto-estima, transtorno dismórfico corporal, estigmatização social.

Pessoas com obesidade severa sofrem uma variedade de complicações graves de saúde, enquanto que aquelas que estão apenas um pouco acima do peso incrementam levemente seu índice de mortalidade ou morbidade. Alguns estudos sugerem que as pessoas com excesso de peso tendem a viver mais do que aquelas com peso "ideal"; isso se atribui, em parte, a uma porcentagem de pessoas que cuidam do seu peso mas que tem a tendencia de cair na anorexia e, portanto, têm uma taxa de mortalidade mais elevada. Outro fator que pode confundir a interpretação dos dados de mortalidade é o fumo, já que indivíduos obesos são menos propensos a fumar (e isso aumenta a sua expectativa de vida). Uma das poucas vantagens das pessoas com excesso de peso é ​​que elas padecem menos de osteoporose.

Formas de medir a obesidade


Circunferência da cintura
No aspecto clínico, a obesidade é geralmente avaliada pela medição do índice de massa corporal (IMC), a circunferência da cintura, avaliando a presença de fatores de risco e comorbidades. Estudos epidemiológicos utilizam apenas o IMC para definir obesidade.

Índice de Massa Corporal

O índice de Massa Corporal (IMC) foi desenvolvido por Adolphe Quetelet, estatístico e antropometrista belga. O IMC é calculado dividindo o peso em quilogramas pela raiz quadrada da altura em metros. Expresso em kg / m2.

As definições em uso estipulam valores que foram acordados em 1997 e publicados em 2000:
- IMC abaixo de 18,5 é considerado abaixo do peso normal.
- IMC entre 18,5 e 24,9 é considerado peso normal.
- IMC entre 25 e 29,9 é considerado sobrepeso.
- IMC entre 30 e 39,9 é considerado obeso.
- IMC de 40 ou superior é a obesidade severa ou mórbida.

IMC é um fator simples e vastamente usado para calcular a gordura do corpo. Em epidemiologia, o IMC é usado apenas como um indicador de prevalência e incidência.

IMC como um indicador de doença é usado associado a outros indicadores clínicos, tais como a circunferência da cintura. Em um estudo clínico, os médicos consideram a idade, massa muscular, raça ou etnia, sexo e outros fatores que podem alterar o IMC. Assim, o IMC superestima a gordura corporal em pessoas que têm elevada massa muscular, enquanto que pode subestimar a gordura corporal em pessoas com uma massa muscular inferior (por exemplo, os idosos). A obesidade leve, como é definida levando em conta apenas o IMC não é um fator de risco cardíaco, e, portanto, o IMC não pode ser usado isoladamente como um antecipador de doença cardiovascular.

Medição de gordura corporal

Um modo alternativo para avaliar a obesidade é calcular a porcentagem de gordura corporal. Doutores e cientistas em geral dizem que os homens com mais de 25% de gordura corporal e mulheres com mais de 30% são obesos. No entanto, é complicado medir a gordura corporal de forma precisa. O procedimento mais aceito é pesar uma pessoa debaixo d'água, mas pesagem subaquática é um procedimento limitado a laboratórios com equipamentos especiais. Dois métodos mais simples para medir a gordura corporal são:
- Teste de camada de pele, consiste em medir uma fina camada de pele para determinar a espessura da camada de gordura subcutânea.
- Análise de impedância bioelétrica, que é realizada em clínicas especializadas.

Outros procedimentos para medir a gordura corporal são a tomografia computadorizada, a ressonância magnética e a absorção de raios-x de dupla energia.

Os fatores de risco e comorbidades


A presença de fatores de risco e doenças associadas à obesidade também são utilizados para estabelecer um diagnóstico clínico. A doença cardíaca coronária, diabetes tipo 2 e apneia do sono são possíveis fatores de risco que ameaçam a vida e deveriam indicar a necessidade de tratamento médico para a obesidade. Diabetes e doenças cardíacas também são fatores de risco utilizados em estudos epidemiológicos.

Excesso de ingestão alimentar

Em seu conceito mais simples, a obesidade só é possível quando a ingestão de energia durante a vida excede ao gasto de energia. Quando a ingestão de energia dos alimentos excede o gasto, as células de gordura (e em menor medida do músculo e células de fígado) armazenam essa energia sob forma de gordura. Em todos os indivíduos, o excesso de energia utilizado para gerar as reservas de gordura está intimamente relacionado com o número de calorias consumidas. Isto significa que perturbações muito pequenas no equilíbrio energético podem conduzir a grandes flutuações de peso ao longo do tempo.

Fatores adicionais

Os factores que parecem contribuir para o desenvolvimento da obesidade são os seguintes:
- Fatores genéticos e algumas desordens genéticas (como a síndrome de Prader-Willi).
- Doença subjacente (hipotireoidismo).
- Certos medicamentos (por exemplo antipsicópticos atípicos).
- Estilo de vida sedentário.
- Dieta altamente glicêmica (ou seja, alimentos que produzem altos níveis de açúcar no sangue).
- Mudanças cíclicas de peso causadas por repetidas tentativas de perder peso através de dietas.
- Mentalidade estressante.
- Sono insuficiente.
- Parar de fumar.

Alguns transtornos alimentares estão associados com a obesidade, especialmente o transtorno de compulsão alimentar. Como o próprio nome indica, os pacientes com este transtorno são propensos a comer demais. Um fator adicional importante é que os pacientes com este transtorno compulsivo frequentemente não têm a capacidade de reconhecer a fome e a saciedade, algo normalmente aprendido na infância.

Tratamento da obesidade


O principal tratamento para a obesidade é uma dieta carente de energia e o aumento do exercício físico. Em estudos realizados, a dieta e os programas de exercício físico têm produzido de forma consistente uma perda de peso médio de cerca de 8% da massa corporal total.

Um problema terapêutico mais complicado parece ser a manutenção da perda de peso. Em um estudo se observou que entre 80 e 95% das pessoas que faziam dieta para perder 10% ou mais de sua massa corporal, costumavam voltar ao seu peso anterior em um período que variava entre dois a cinco anos. Parece que os mecanismos homeostáticos que regulam o peso corporal são muito robustos e se defendem vigorosamente contra a perda de peso.

Grande parte da investigação centra-se na descoberta de novos medicamentos para combater a obesidade, por ser o maior problema de saúde enfrentado pelos países desenvolvidos. Nutricionistas e muitos médicos acham que os fundos investidos nestas pesquisas deveriam ser dedicados ao aconselhamento sobre boa nutrição, alimentação saudável e um estilo de vida mais ativo.

A medicação prescrita com mais frequência para a obesidade resistente à dieta e o exercício é o orlistat (Xenical, o que reduz a absorção de gordura no intestino, inibindo a lipase pancreática) e sibutramina (Reductil ou Meridia, um anorexígeno). Na presença de diabetes mellitus, há evidências de que o medicamento antidiabético metformina (Glucophage) pode servir para a perda de peso mais que os derivados sulfonilureia e insulina, que frequentemente levam ao ganho de peso. As tiazoldinedionas (rosiglitazona ou pioglitazona) podem causar um leve ganho de peso, mas diminuem o acúmulo patológico de gordura abdominal, sendo portanto frequentemente usadas para tratar a obesidade em diabéticos.

Banda gástrica ajustável
A cirurgia bariátrica é cada vez mais usada para combater a obesidade. A cirurgia para perda de peso mais comum na Europa e na Austrália é a banda gástrica ajustável, onde um anel de silicone é colocado ao redor da parte superior do estômago para ajudar a restringir a quantidade de alimentos ingeridos. Este tipo de cirurgia, foi aprovada pela FDA nos Estados Unidos desde 2001, embora seja usada em outras partes do mundo, desde o início dos anos 90. A banda gástrica é considerada a cirurgia mais segura e menos invasiva que se tem conhecimento. Em contraste com técnicas mais invasivas, a banda gástrica não corta nem redirige nenhuma parte do trato digestivo e é completamente reversível, uma vez que só se requer remover o implante para que o estômago volte a sua situação pré-cirúrgica. Todas estas cirurgias pode ser feitas através de laparoscopia. As técnicas mais invasivas geralmente removem ou encaminham alguma porção do intestino dos pacientes, o que causa má absorção e derrames.

Todos os tipos de cirurgia de obesidade causam risco para os pacientes. Em um estudo recente do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, foi observado que 40% de complicações surgiram nos 180 dias posteriores a cirurgia bariátrica. Além disso, estas cirurgias não garantem plenamente a perda de peso ou redução da morbidade e mortalidade. Os pacientes também devem fazer mudanças em sua dieta, se querem manter o peso a longo prazo. Portanto, como em qualquer cirurgia de grande porte, os pacientes precisam avaliar cuidadosamente as conseqüências de sua escolha a longo prazo.